sexta-feira, 27 de julho de 2012

NOSSAS MENINAS ESPECIAIS


No IASERJ viviam, há 8 anos, Rosa Barcelos Rosa, de 56 anos, portadora de Síndrome de Down, e Andreia Paixão, de 38, que sofre de paralisia cerebral. De pacientes abandonadas, sem vínculos sociais, transformaram-se em mascotes daquela comunidade. A remoção delas para o Hospital Eduardo Rabello, no longínquo bairro de Campo Grande, na zona Oeste, comoveu e revoltou todos, de porteiro ao pessoal da CTI.
Antônia Maria dos Santos, técnica de enfermagem que os funcionários consideram a mãe das duas internas, não conteve as lágrimas e as críticas ao comentar a remoção de suas ‘filhas’. Sem ter assistido a transferência das ocupantes dos leitos 9 e 10 da enfermaria 53, ‘Tuninha’, como a enfermeira é chamada pelas pacientes, misturou indignação, tristeza, saudade, e medo ao falar das ‘meninas’:
“Sou casada, mas nunca tive filhos. Encontrei nelas o amor filial e sabia que elas gostavam de mim como a uma mãe. Ao longo dos anos em que viveram aqui, nós demos roupas, móveis, tudo. É inadmissível saber que foram arrancadas daqui no meio da madrugada, carregadas em lençol. É muita truculência e desrespeito ao paciente. Nem uma maca foram capazes de lhes fornecer”, protestou. “Fico imaginando o rostinho delas quando chegarem ao novo hospital, com pessoas diferentes, outro ambiente. Ficarão amedrontadas, perdidas”.
A enfermeira Márcia Silveira, no Iaserj desde 1990, lembrou da entrada delas, em 1994. Triste, ela teme uma ‘provável regressão’ nos avanços cognitivos e motores apresentados pelas duas ao longo da internação no Iaserj.
“Elas chegaram aqui se alimentando na mamadeira, pouco falavam. São pessoas que carregam traumas antigos, de abandono familiar, agressão. Encontraram aqui abrigo, amor, que as fez melhorar. Já se alimentavam sozinhas, faziam festas, retribuíam ao carinho recebido. Tenho medo que elas possam piorar, e até mesmo morrer”.
( REPRODUÇÃO DO JB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário