No IASERJ viviam, há 8 anos, Rosa
Barcelos Rosa, de 56 anos, portadora de Síndrome de Down, e Andreia Paixão, de
38, que sofre de paralisia cerebral. De pacientes abandonadas, sem vínculos
sociais, transformaram-se em mascotes daquela comunidade. A remoção delas para
o Hospital Eduardo Rabello, no longínquo bairro de Campo Grande, na zona Oeste,
comoveu e revoltou todos, de porteiro ao pessoal da CTI.
Antônia Maria dos Santos, técnica de enfermagem que os funcionários
consideram a mãe das duas internas, não conteve as lágrimas e as críticas ao comentar
a remoção de suas ‘filhas’. Sem ter assistido a transferência das ocupantes dos
leitos 9 e 10 da enfermaria 53, ‘Tuninha’, como a enfermeira é chamada pelas
pacientes, misturou indignação, tristeza, saudade, e medo ao falar das
‘meninas’:
“Sou casada, mas nunca tive filhos. Encontrei nelas o amor
filial e sabia que elas gostavam de mim como a uma mãe. Ao longo dos anos em
que viveram aqui, nós demos roupas, móveis, tudo. É inadmissível saber que
foram arrancadas daqui no meio da madrugada, carregadas em lençol. É muita
truculência e desrespeito ao paciente. Nem uma maca foram capazes de lhes fornecer”,
protestou. “Fico imaginando o rostinho delas quando chegarem ao novo hospital,
com pessoas diferentes, outro ambiente. Ficarão amedrontadas, perdidas”.
A enfermeira Márcia Silveira, no Iaserj desde 1990, lembrou da
entrada delas, em 1994. Triste, ela teme uma ‘provável regressão’ nos avanços
cognitivos e motores apresentados pelas duas ao longo da internação no Iaserj.
“Elas chegaram aqui se alimentando na mamadeira, pouco falavam.
São pessoas que carregam traumas antigos, de abandono familiar, agressão. Encontraram
aqui abrigo, amor, que as fez melhorar. Já se alimentavam sozinhas, faziam
festas, retribuíam ao carinho recebido. Tenho medo que elas possam piorar, e
até mesmo morrer”.
( REPRODUÇÃO DO JB)
( REPRODUÇÃO DO JB)
Nenhum comentário:
Postar um comentário